27 de dezembro de 2013
Gasoline Man
Apenas uma música e estrada agradáveis...
14 de dezembro de 2013
30 de novembro de 2013
8 de março de 2011
23 de fevereiro de 2011
Nota Mental (I)
Atualmente, o foco dessa diversão é um automóvel do século passado, da década de 90 que está necessitando de algumas correções, já que não lhe foi dispensada qualquer manutenção. Poupando os detalhes de como foi constatado, o chicote das válvulas injetoras estava num estado lastimável: isolação precária, conectores que pouco conectavam, travas com folga. Contudo, recuperável.
Fui até três autoelétricos, dois deles, altamente conceituados na região. Foram unânimes na solução: melhor comprar outro. Mesma resposta, se perguntados se haveria a possibilidade de replicar o mesmo chicote. Comprar um novo, seria exatamente o que faria, independente dessa consulta. Porém está indisponível na própria fabricante.
Lembrei-me de outro eletricista automotivo, comentado pelo meu amgo Bruner. Um tal de Wilson. Pois lá fui no tal de Wilson. Após examinar o chicote, pediu para deixá-lo e retornar no dia seguinte e, consultado quanto ao preço do serviço, disse o assustador depois a gente vê...
Retornei no dia seguinte e com a sensação de que não estava pronto. Ao chegar o chicote me foi entregue: conectores que agora conectam, travas que travam, tudo envolto em termo retrátil e corrugado. Preço: depois voce vem com o Bruner e a gente toma um café. Brinde: voce mesmo consegue fazer um chicote desses novo. Bônus: indicação de onde comprar os conectores.
A observação pessoal disso tudo:
Os três primeiros eletricistas que procurei, tinham como carros pessoais, modelo novos entre 2007 a 2010. Daqueles insonsos e previsíveis, cuja disponibilidade de peças originais e alternativas é atual e ampla.
Enquanto isso, o tal Wilson me mostrou dois carros dele: Debaixo de umas quatro mantas, uma Alfa Romeo 2300 Ti ano e modelo 1978, com 70.000 km. Para o dia a dia, um VW 1300 1973 que tem desde novo e assim conservado.
Se é reprovável comparar-se pessoas, ao menos me resta comprá-las enquanto prestadores de serviço. E nesse sentido, ficou-me esclarecido o porque da disposição do agora Sr. Wilson que não foi passada pelos demais.
12 de dezembro de 2010
A História de Um Retrato
Em dezembro de 1968, meu avô Beirante e sua esposa (não por acaso, minha avó), levou-me na companhia da minha irmã a um passeio. A bordo de um taxi qualquer, rumamos à rua Tobias Barreto, na Móoca. Era quase uma trilha, pois para isso, precisava-se descer a rua Padre Adelino e atravessar uma pinguela de madeira por sobre um córrego no meio de algo que, para mim, parecia uma selva. Hoje, onde se localizava essa pequena ponte, é a atual avenida Salim Farah Maluf, ex-avenida Tatuapé.
A razão do passeio só foi esclarecida pelo velho Beirante quando descemos em frente a uma revenda de autos usados:
Hoje vamos comprar um automóvel!
Se a hiperatividade nossa já era considerável pelo passeio/aventura, a situação passou a exigir gritos, pulos e correria. Correria essa, sem qualquer critério, que ficou mais intensa quando nossos avós nos soltaram dentro da loja, para olharmos os carros. Minha altura não permitia ver os interiores, no máximo as rodas e pouco abaixo dos frisos dos automóveis.
Depois de alguns minutos, nosso avô nos chama e pergunta qual gostamos mais. Após uma curta reunião e algumas considerações entre irmãos houve unanimidade: o eleito era aquele vermelho e de parte de trás grande e altona. Abertas as portas do carro, escalamos invadindo aquele território novo. O que nos parecia um sofá na frente, era longo. E tinha um atrás também!!! Não acreditamos quando vimos que atrás deste, tinha um parquinho, grande, espaçoso e com vidros por todo lado!!!! E foi a primeira das posteriores vezes, que escutei o duplo clac da trava de parte da tampa traseira. Encantado, vi de relance que tinha outra tampa aberta, lá na frente. Desci e fui correndo querer ver se havia outro compartimento para se sentar. Meio que frustrado, meu avô me mostrou que aquele lugar já estava ocupado por um monte de ferro, alguns fios e umas peças redondas. Achava eu que a única coisa necessária para um carro andar era a chave de ignição.
O Beirante mais antigo desapareceu com o carro e retornou depois de algumas horas. Na verdade, minutos. Novamente dentro do carro, vimos meu avô dar uns papéis para o moço da loja, rabiscar outros e entrar no carro para voltarmos para casa.
Dispensável dizer que minha irmã e eu voltamos no porta bagagem, onde fizemos duas novas descobertas: um compartimento secreto, para se esconder coisas. Na verdade, a tampa de inspeção/lubrificação do eixo traseiro, só comportava algumas figurinhas. Era impossível fechá-la se o objeto fosse maior que uma caixa de fósforos. A segunda, pouco durou. Havia um colante (adesivo na época era apenas um tipo de cola) de um simpático senhor sorridente, todo de vermelho, com rabo em forma de flecha, barbicha e duas pontinhas na cabeça. O colante do Coisa Ruim, foi retirado a mando da minha avó, no dia seguinte. Houve uma terceira descoberta, essa sem graça alguma: não, não se podia andar com as tampas abertas.
Poucos, mas inesquecíveis, foram os passeios com meus avós e irmã à bordo daquela Vemaguet 1967 bordô (na verdade grená), pois pouco mais de meio ano depois, o velho Beirante nos deixou. Mas, graças ao meu pai, não foram raras as viagens naquele carro que só foi vendido em 1981, em razão de uma mudança radical.
Já menos criança, fiquei triste prá cacete.
11 de dezembro de 2010
O Grande Culpado
Pois, apesar do ar de calma e tranquilidade de um burocrata prestes a se aposentar, escondia uma mente diabólica. Deixa até transparecer que sabia exatamente que seu legado ia mudar o mundo e a humanidade.
Na mais acertada expressão do método hegeliano, Alfred Büchi nasceu e viveu na sempre-pacífica-e-sonolenta Suiça. Entre 1909 a 1926 atuou como chefe do departamento da Sulzer Brothers e ao invés de se ocupar com questões inofensivas e coisas pouco significativas - fazendo jus ao seu aspecto de guarda livros - sempre incomodou-lhe o desperdício de energia cinética nos neandertálicos motores a explosão, ainda novidade na época. Aqueles gases da combustão escapavam pelo escapamento isentos de maior utilidade.
Com isso em mente, após alguns meses de insônia, tanto fez e experimentou até que em 16 de novembro de 1905 patenteou sua turbinen-krompressor.
Sim. Graças ao Dr. Alfred Johann Büchi os motores a combustão puderam ser turbocomprimidos, aproveitando-se aqueles gases inúteis que passeavam pelo sistema de escape, tornando aqueles mais eficientes, potentes e diabolicamente mais divertidos.
Fossem eles a gasolina, diesel, estacionários ou aplicados na aviação, ganharam literalmente um fôlego até então inimaginável. E não se contentando apenas na concepção de seu invento - para nós mais compreensível ao promover sua patente no outro lado do Atântico - prosseguiu em torná-lo mais pragmático.
O que revela sua extensa genialidade, que não se limitou em um único artefato, tendo contribuído de sobremaneira a métodos e sistemas em motores a explosão.
Por conseguinte, sempre que me deparo com um veículo high end ou mesmo quando escuto ao longe o som duma válvula de alívio que equipa um turbo num carro conduzido por um acéfalo qualquer que mora na periferia, não consigo deixar de lembrar da inocente cara de Alfred Büchi.
20 de novembro de 2010
A Exatidão das Siglas
Nisso, a segunda geração do nano Daihatsu Charade GTti o faz com extrema capacidade.
O tricilíndrico motor CB80 de 12 válvulas, de exatos 993 cm3 e sobrealimentado por uma turbina IHI RHB51, rende algo em torno de 100 CV aos 6500 rpm. Superquadrado (76,00 mm X 73,00 mm ) essa minúscula pérola, entrega aos 3500 rpm 126 Nm para um peso aproximado de 808 kg - intercooler incluso. De se notar que aquela capacidade de afastar o tédio é mais do que garantida.
Na Europa, onde o conceito de supermini superlativo sempre foi tradição, não deixava de se sobressair nesse segmento; contudo, o preço elevado em relação aos modelos continentais, não o fez um sucesso de vendas.
Com as indispensáveis Speedline de série emborrachadas na medida 185/60R14 sua capacidade de assustar os desavisados, justificava todos os logos e spoilers.
16 de agosto de 2010
A Tribo
Costumeiramente, as segundas são-me muito mais agradáveis do que o dia da semana que a precede.
Aos domingos aquela sensação letárgica de que seria para descansar, acaba por terminar numa elegia ao ócio inútil. Elegia a esse tédio, que é rompida com o comparecimento a algum evento esporádico ou por força de alguma supresa positiva. Pois justamente no último domingo, caiu em minhas mãos, um exemplar do DVD-CD Speed Tribe.
Com efeito, não é um material novo, tendo em vista que foi lançado originalmente em 2002, sendo relançadas versões espaçadas desde 2006, mas versa sobre duas colunas que sustentam meu entusiasmo: 24 Horas de Le Mans e EBM.
O formato da proposta pode desagradar a quem espera uma leitura documental e ortodoxa que retrate a prova realizada em 2001, pois na verdade, se apresenta como um enorme clip de 50 minutos, dividido em 11 segmentos. E se visto como tal, a opção pelo experimentalismo da forma que foi retratada por Rod Chong e Sharon Matarazzo é impactante e escraviza a atenção ao longo do filme. Com uma edição que tange o perfeito e uma fotografia acima do que a proposta exigiria, não arranha nem rivaliza com a obra de 1971, estrelada por Steve McQueen e dirigida por Lee Katzin, pois qualquer comparação é por demais sem qualquer sentido.
Não bastando, o aspecto sonoro é putaqueparivelmente nervoso, seja o captado no ambiente, seja a trilha sonora desse clip versão long play, assinada pela metade do Front 242.
Sim, pois além do som dos pneus na pista molhada pela chuva, dos múrmúrios incompreensíveis da turba torcedora e agudo mastigar das engrenagens do câmbio, a trilha sonora ficou sob os cuidados de Daniel Bressanutti & Patrick Codenys. Sempre achei muito fácil, senão óbvio e preguiçoso, associar qualquer imagem de competição automobilística com power chords, solos arpeados de guitarra e bateria pandemônica. É fórmula corriqueira e que na maioria das vezes rende aplausos.
Mas, a via da EBM (no caso, mais do uma que trilha sonora ou música incidental, mas sim autêntica suite), adere à fotografia em tamanho e formas exatos. Reconheço que o entusiasmo é grande, principalmente pelo fato de ser exageradamente apreciador do som produzido pelo Front 242. Mas reconheço também, que seria do mesmo modo óbvio, socar qualquer melodia feita num sequenciador a 160 bpm e um loop de baixo e bateria, para emprestar dinâmica sonora às imagens. Acontece que não se procedeu assim: como clip longo que é, com variações de velocidade e na captação de detalhes, a peça musical acompanha os mesmos ditames, intercalada com a referida sonoridade ambiente.
Não é um filme para ser visto e escutado. Fica latente que assistir apenas umas duas vezes, incute a idéia de que se perdeu algum detalhe significativo, daí que é algo que se deve enxergar e escutar. Por inúmeras vezes.