23 de fevereiro de 2011

Nota Mental (I)

Ainda conservo o ultrapassado e burguês hábito de trabalhar. Não tenho outra forma de captação de recursos. Daí, o tempo livre restante - como qualquer outro cultivador desse hábito - é dividido entre o mais inútil ócio improdutivo a se empreender em diversões que à primeira vista, prometem serem divertidas.

Atualmente, o foco dessa diversão é um automóvel do século passado, da década de 90 que está necessitando de algumas correções, já que não lhe foi dispensada qualquer manutenção. Poupando os detalhes de como foi constatado, o chicote das válvulas injetoras estava num estado lastimável: isolação precária, conectores que pouco conectavam, travas com folga. Contudo, recuperável.

Fui até três autoelétricos, dois deles, altamente conceituados na região. Foram unânimes na solução: melhor comprar outro. Mesma resposta, se perguntados se haveria a possibilidade de replicar o mesmo chicote. Comprar um novo, seria exatamente o que faria, independente dessa consulta. Porém está indisponível na própria fabricante.

Lembrei-me de outro eletricista automotivo, comentado pelo meu amgo Bruner. Um tal de Wilson. Pois lá fui no tal de Wilson. Após examinar o chicote, pediu para deixá-lo e retornar no dia seguinte e, consultado quanto ao preço do serviço, disse o assustador depois a gente vê...

Retornei no dia seguinte e com a sensação de que não estava pronto. Ao chegar o chicote me foi entregue: conectores que agora conectam, travas que travam, tudo envolto em termo retrátil e corrugado. Preço: depois voce vem com o Bruner e a gente toma um café. Brinde: voce mesmo consegue fazer um chicote desses novo. Bônus: indicação de onde comprar os conectores.

A observação pessoal disso tudo:
Os três primeiros eletricistas que procurei, tinham como carros pessoais, modelo novos entre 2007 a 2010. Daqueles insonsos e previsíveis, cuja disponibilidade de peças originais e alternativas é atual e ampla.
Enquanto isso, o tal Wilson me mostrou dois carros dele: Debaixo de umas quatro mantas, uma Alfa Romeo 2300 Ti ano e modelo 1978, com 70.000 km. Para o dia a dia, um VW 1300 1973 que tem desde novo e assim conservado.

Se é reprovável comparar-se pessoas, ao menos me resta comprá-las enquanto prestadores de serviço. E nesse sentido, ficou-me esclarecido o porque da disposição do agora Sr. Wilson que não foi passada pelos demais.

2 comentários:

  1. Nesta infame jornada que me foi delegada pelo mundo dos animais,algumas coisas colhi como aprendizado,algumas;..

    A má vontade é tão sórdida que consegue fazer desmoronar até os mais nobres ímpetos de realizar algo.

    De outro lado,volta e meia,porém cada vez mais raro,encontra-se "Gente" desarmada do vício da inércia.

    Paz e Saúde Irmão!

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  2. Olá!

    Descobri seu blog pelo santana fahrer club. Amigo, a constatação de que estamos perdendo valores que antes construiam a sociedade é cruel. Nas coisas mais simples vemos o quanto há desinteresse pelo problema do outro. Ainda bem que existem pessoas com capacidade de olhar o outro e ver um pouco de si mesmo, como aconteceu com você nesse caso relatado.
    Por falar nisso, estou com muitas dificuldades em entender o formato do forum do santana, por isso postei como consegui. agradeceria se pudesse me ajudar.

    Um abraço fraterno!!!

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