
Qualquer trato, em qualquer assunto, com descrição, tomava logo o sentido de obscuro ou underground.
E como não podia ficar isento a esses exageros, as competições automobilísticas não ficaram imunes à essa característica tão marcante onde o mais era hiperlativo e cujo expoente máximo, senão o mais pontual, foi o Grupo B.
Criado em 1982, como uma mescla dos então extintos Grupo 4 e 5, poucas eram as limitações para impostas se verificado o regulamento que regia a categoria: sem restrições de peso e potência necessitava para homologação do veículo a produção de apenas de 200 modelos no período de dozes meses ininterruptos. E na década dos hiperlativos, deu no que deu.
Ressucitando os motores comprimidos, quem debutou nessa categoria, em 1983, foi a Lancia com sua 037, paramentado pelo patrocinador Martini. Seu motor de 16 válvulas, dois litros e sobrealimentado por um compressor do tipo Roots – um Sistema Abarth Volumex, trabalhando entre 0,60 a 0,90 bar - disponha de algo em torno de 305 cv a 8000 rpm. Pesando cerca de 1170 kg, graças ao chassis vestido com carroceria de kevlar reforçado, conferia cerca de 3,83 kg/cv. O que não era desprezável se levarmos em conta o tipo de prova que disputou, que passava longe de pistas e circuitos. Ainda mais que a localização de seu motor central com tração traseira, não privilegiava uma condução que admitisse pequenos erros.
E se o 037, que sucedeu a Stratos, foi um debutante de estilo e competividade, o seu sucessor não deixou por menos: A Delta S4.
Surgida em 1985, a S(ovralimentata) 4(tração integral) com 800 kg, motor 1,8l de 16 válvulas e preparado pela Abarth, permanecia com o Abarth Volumex mais, repita-se, mais um turbocompressor KKK operando na casa dos 2,0 ~2,5 bar. A adoção dos dois sistemas em simultâneo, visou diminuir o efeito de lag. A primeira versão homologada para competição, desembarcou com 480 CV aos mesmos 8.000 rpm de seu predecessor. Que remete a 1,66 kg/cv.
Apenas para referencial: o McLaren MP4-2, de 1985, pesa 540kg. Isto sem a usina fornecida pela TAG-Porsche de 750 CV a 11.000 rpm.
Mas se levarmos em conta que a versão derradeira da S4 participante do Grupo B, dispunha de 680 CV, esse referencial fica ainda mais absurdo. Principalmente se atentarmos às condições das pistas por onde triunfou.
Definitivamente, sou um covarde. Não teria coragem sequer de assistir as corridas, quanto mais assumir a direção desses monstros.
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